PRA ONDE EU VOU, EU CHEGO!
Chego em presença, em verdade, em cuidado e com humor, querendo ser leve. Sei falar de coisas profundas abraçando forte, rindo e desenhando colorido. Tenho vontade de aconchego e amor com gente perto.
Sou uma pernambucana dançante, nascida em 1976, no Recife. Moro em São Paulo desde 1999. Sou mãe de Joaquim e Dora, meus preciosos. Venho de uma família de criativos. Pais e irmãos arquitetos e designers, inquietos, autônomos, enérgicos. Virados na tapioca. Convivo desde sempre com olhares ampliados e reflexões profundas sobre diversidade, arte, cultura, estética, beleza, bem-estar, e por aí segue.
Sou pequena. Um metro e cinquenta e três. Mas aprendi a virar gigante por meio de tudo que crio - já cheguei a trinta metros de altura com minhas artes. Muito de mim se revela e se mistura com meu fazer, que começa com o que sinto e acredito, e depois segue pela ponta do pincel. O desenho é minha principal forma de expressão; é ele que envolve e cria intimidade com as pessoas para abrir portais.
Quando preciso me definir rapidamente, digo que trabalho com artes visuais e design de afeto. Design que afeta. Se tenho mais uma brechinha de fala, completo e enfatizo: meu trabalho só ganha força e sentido quando pode ser ferramenta de transformação e melhoria para a vida do outro. Mas acredito em demasia que toda definição é limitante, enquanto o ser humano é mutante - e pode ser sempre mais, não menos.
Joana Lira.
BIOGRAFIA
A vivacidade da cultura brasileira inspira a produção multifacetada da artista e designer Joana Lira. Tendo por base primordial o desenho, sua pesquisa iconográfica deságua em uma miríade de objetos, utensílios, estampas, ilustrações, esculturas e cenografias urbanas. Independentemente de forma e escala, eles carregam o desejo de proporcionar experiências transformadoras, evocando uma identidade cultural relacionada a sensações de afeto e pertencimento. “O poder do trabalho artístico de transformar o outro é o que me move”, resume.
Forjada no trânsito livre entre design e artes visuais, sua linguagem deriva do convívio intenso com a arte e a expressão cultural proporcionado pelos pais, arquitetos, e pela ambiência do Recife, onde nasceu e cresceu. Formada em design gráfico em 1997, trabalhou de 2001 a 2011 na criação da cenografia do carnaval de Recife, experiência formadora que deu escala e consistência a seu trabalho e está sintetizada no livro Outros carnavais (2008).
A partir de 1999, já radicada em São Paulo, pesquisa suportes diversos, da cerâmica ao meio digital, em projetos artísticos alimentados por referências que vêm tanto da história da arte e da cultura pernambucana quanto de seus interesses cotidianos. Desenvolve ainda, a convite de grandes empresas, identidades visuais, linhas de objetos e estampas assinadas, entre outros projetos, sempre buscando um design do envolvimento, capaz de agregar valor cultural, histórico e sentimental à forma e à utilidade.
Seus trabalhos foram vistos em exposições individuais, como Quando a vida é uma euforia (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2018, e Museu Cais do Sertão, Recife, 2019), Quando tudo explode (Sesc Santo André, 2017) e Bichos Aloprados (Recife, 1997). Também estiveram em coletivas referenciais como Design Brasileiro Hoje: Fronteiras (Museu de Arte Moderna, São Paulo, 2010) e Design para Todos (5ª Bienal Brasileira de Design, Florianópolis, 2015), além de integrarem mostras sobre design brasileiro e ibero-americano na Alemanha, China, Bélgica e Espanha.
Vive e trabalha em São Paulo.